Natal em Delfinópolis

Neste Natal escolhemos como destino a cidade de Delfinópolis, MG, que fica na região da serra da Canastra, há uns 100 km da portaria da parte baixa da cachoeira Casca d'Anta. Delfinópolis é uma cidade pequena e pacata, um ótimo clima para quem quer descansar. Entretanto, em feriados prolongados a quantidade de turistas barulhentos tem atrapalhado o ritmo normal da cidade e incomodado os moradores e aqueles que vão em busca de sossego.

Participantes da viagem
Da esquerda para a direita: Fábio (meu cunhado), Larissa (minha namorada), Ana Paula (minha irmã), e eu.

Não foi exatamente uma viagem destinada à observação de aves, mas como estávamos em busca de descanso em meio a algumas das mais de cem cachoeiras existentes naquela região, pudemos aproveitar alguns momentos para sair em busca das aves do Cerrado.

Cachoeira do Ouro - Delfinópolis, MG
Cachoeira do Ouro - Delfinópolis, MG.

Logo de cara, tivemos uma boa surpresa ao encontrar um belo jardim na pousada em que ficamos. Lá mesmo pudemos observar aves mais comuns como: canário-da-terra (Sicalis flaveola), sabiá-poca (Turdus amaurochalinus), sanhaço-cinzento e sanhaço-do-coqueiro (Thraupis sayaca e T. palmarum), cambacica (Coereba flaveola), trinca-ferro (Saltator similis), arapaçu-de-cerrado (Lepidocolaptes angustirostris), coleirinho (Sporophila caerulescens), periquito-de-encontro-amarelo (Brotogeris chiriri) e - claro! - o joão-de-barro (Furnarius rufus). Não tão comum, mas uma ótima surpresa também, foi a rápida passagem de uma choca-barrada (Thamnophilus doliatus) pelas árvores do jardim.


Choca-barrada (Thamnophilus doliatus)
Choca-barrada (macho - Thamnophilus doliatus). Foto: www.avespantanal.com.br


 Arapaçu-de-cerrado (Lepidocolaptes angustirostris)
Arapaçu-de-cerrado (Lepidocolaptes angustirostris). Foto: Wikimedia Commons


Nossa "ceia" de Natal foi na varanda em frente aos quartos, no chão mesmo, à beira do jardim, onde tomamos espumante acompanhado de panetone, chocolate, suco de uva, e pão de forma com mussarela hehehe. Um ótimo programa pra quem não estava querendo pagar 25 reais por pessoa no único restaurante da cidade que resolveu abrir para uma ceia naquela noite.

Em meio ao nosso lanche natalino, ouvimos um som de coruja bem diferente daqueles que eu estava acostumado a ouvir. Peguei meu celular e fui conferir se eu tinha aquele canto entre meus arquivos mp3 de cantos de aves pra tentar identificar de que bicho se tratava. E eis que na noite de natal pude conhecer mais uma coruja nova para mim: corujinha-do-mato (Megascops choliba). Peguei a lanterna e tratei de ir atrás de ver a bichinha no meio das árvores do jardim. Logo encontrei uma e, em seguida, outra que estava em uma  árvore próxima e respondia ao canto da primeira com um chamado diferente. Depois de vermos as corujinhas por alguns instantes, voltamos à ceia e as deixamos em paz, pois nos pareceu que poderia haver um ninho delas por ali e talvez algum filhote. Não queríamos incomodar nossa nova amiga noturna...


Corujinha-do-mato (Megascops choliba) 
Corujinha-do-mato (Megascops choliba). Foto: Ana Cláudia Rocha Braga

Nos dias que se seguiram, fizemos alguns passeios pela região e parávamos sempre que alguma ave nos chamava a atenção pelo caminho. Dessa forma, acabei conhecendo algumas novas para mim, como a gralha-cancã (Cyanocorax cyanopogon) e os garibaldi (Chrysomus ruficapillus) que ficam na beira da represa perto do pequeno cais da cidade (ao lado do campo de futebol).

Participantes observando as aves
Parando para ver as aves no caminho.

O Fábio e a Ana puderam conhecer várias aves novas como pica-pau-do-campo (Colaptes campestris), garça-vaqueira (Bubulcus ibis), sovi (Ictinia plumbea), guaracava-de-barriga-amarela (Elaenia flavogaster), carrapateiro (Milvago chimachima), seriema (Cariama cristata), vi-vi (Euphonia chlorotica), japu (Psarocolius decumanus), maitaca-verde (Pionus maximiliani), e um belo soldadinho (Antilophia galeata) que encontramos na mata que beira o Ribeirão do Claro.

Soldadinho (Antilophia galeata)
Soldadinho (Antilophia galeata), ave endêmica do Cerrado. Foto: Wikimedia Commons


Gralha-cancã (Cyanocorax cyanopogon)
Gralha-cancã (Cyanocorax cyanopogon). Foto: IBC


Pica-pau-do-campo (Colaptes campestris)
Pica-pau-do-campo (Colaptes campestris). Foto: Wikimedia Commons


 Carrapateiro (Milvago chimachima)
Carrapateiro (Milvago chimachima). Foto: Wikimedia Commons

No último dia, um passeio pelo alto da serra preta deixou um gostinho de "quero mais": encontramos alguns ninhos de joão-de-pau (Phacellodomus rufifrons) pendurados nos galhos de uma árvore e, parando um pouco o carro, pudemos ouvir diversos cantos diferentes e desconhecidos em meio ao cerrado como que nos convidando para voltar àquele lugar o mais brevemente possível para uma verdadeira expedição de birdwatching.

Ninhos do joão-de-pau (Phacellodomus rufifrons) em Delfinópolis, MG
Ninhos do joão-de-pau (Phacellodomus rufifrons) em Delfinópolis, MG.

0 comentário(s):