Facebook, gaiolas e os prazeres do birdwatching

Essa semana fiz um perfil no Facebook. Nem sei bem por que, pois não tenho muita paciência com as redes sociais e já tenho um perfil no Orkut que raramente uso. Acho que depois que entrei no Twitter e vi que tinha coisas bastante legais e úteis sendo compartilhadas por lá, resolvi experimentar o Facebook pra ver do que se tratava.
Ainda não aprendi todas as manhas da ferramenta, mas uma coisa muito legal que descobri no perfil da Tietta Pivatto foi um aplicativo dentro do Facebook onde dá pra ir registrando nossa lista pessoal de aves, ou seja, a lista das aves que já observamos na natureza. Isso foi ótimo pra mim, pois agora tenho um lugar só pra deixar registradas as aves que vejo por aí. Antes, eu deixava tudo espalhado em planilhas organizadas por local de observação, e juntar tudo numa lista pessoal demandaria um tempo considerável que a gente nunca encontra. Além disso, às vezes a gente vê alguma ave nova por aí e nem sequer registra formalmente numa planilha e o registro acaba se perdendo... foi o caso, recentemente, com o gaviãozinho (Gampsonyx swainsonii) que apareceu aqui na porta de casa dia desses.

Bom, o interessante disso tudo é que eu "descobri" que já observei, livres na natureza, mais de 170 espécies de aves! Nada comparável com as mil oitocentas e tantas espécies existentes no Brasil, e muito pouco também comparado com as centenas de aves que outros observadores mais experientes já viram em suas andanças.

Entretanto, saber a quantidade de aves que já observei na natureza foi interessante ontem quando vi dois periquitinhos exóticos que vivem numa gaiola de um vizinho. Qual seria a vantagem, pelo menos para mim, de manter dois passarinhos presos numa gaiola se eu posso ver muito mais na natureza? O dono daquela gaiola tem ali, no máximo, duas espécies de aves, e vai ficar sempre restrito a observar aquelas duas espécies, seus cantos e comportamentos.

Eu, por outro lado, já vi mais de 170 espécies até hoje, ouvi outros tantos cantos e vocalizações diferentes, conheci várias pessoas e um monte de lugares super legais como parte do processo de "ver passarinhos". E tenho muito, muito mais pra ver e conhecer!
Assim, me parece que não são só os pássaros engaiolados que ficam limitados em sua vivência. Também o ficam os "donos" desses animais, que optam por restringir suas possibilidades diante de uma biodiversidade incrível que temos no nosso país e que fascina observadores de aves estrangeiros que vêm aqui só para ver o que nós podemos ver todos os dias pelas janelas de casa...

Nada contra os criadores de aves legalizados, mas quero apenas propor essa reflexão sobre o quanto nós podemos ganhar optando por desfrutar o prazer de conviver com a natureza de maneira genuína. Desfrutar a natureza não é ir para a beira do rio fazer churrasco e tomar cerveja ouvindo o "pancadão" do som do carro, deixando para trás o lixo produzido. Desfrutar a natureza é se integrar a ela de verdade, observando como ela funciona, como nós funcionamos e somos parte dela. Observar e estudar passarinhos (e outros bichos) livres na natureza, como muitas pessoas fazem, é UM dos caminhos para essa integração. Um caminho divertido, saudável, e muito, muito rico!


Meu cunhado e eu observando aves no Parque Estadual Intervales, interior de SP, um dos inúmeros lugares  fantásticos para se observar aves e conviver de verdade com a natureza no nosso país.

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